A voz que você não usa: como reprimir pensamentos aumenta o Estresse

Já sentiu aquela pressão no peito ao segurar palavras que queriam sair? Ou aquela tensão na garganta depois de engolir um desabafo? Muitas vezes, o estresse que carregamos não vem apenas das exigências externas, mas do que calamos dentro de nós. A voz que não usamos não desaparece — ela se acumula, transformando-se em angústia, ansiedade e até sintomas físicos. Freud observava que conteúdos reprimidos no inconsciente sempre encontram um caminho para se manifestar, e muitas vezes, esse caminho é o próprio corpo: insônia, tensão muscular, dores inexplicáveis.

Quando alguém reprime constantemente pensamentos e emoções, o efeito pode ser semelhante ao de uma barragem segurando um rio que naturalmente continuaria a fluir. Emoções bloqueadas se cristalizam no corpo, é o que tenho repetido aqui, em consonância com Reich, o mestre psicanalista que enfatizava o quanto a criação de tensões dificultam a expressão do ser. Num exemplo prático, entenda que quanto mais a pessoa se silencia, mais a sua energia psíquica se transforma em cansaço, em irritabilidade e até numa sensação de sufocamento. O ponto é que algo que deveria ter sido dito em palavras pode ter se convertido em sintomas silenciosos que minaram o bem-estar.

Mas o que acontece quando essa voz reprimida finalmente encontra uma forma de se expressar? Pois sim, há muitas vias eficazes para demolir o represamento das emoções. Pense em um artista que transforma sua dor em poesia, em alguém que finalmente coloca um limite numa relação desgastante ou em quem, depois de anos de silêncio, se permite contar sua história secreta… Essa liberação resulta num grande alívio, pois a fala tem um poder transformador: ao nomear um sentimento, a pessoa se apropria dele, dá significado a sua origem e pode, enfim, decidir como gerenciar isto, pois retomou o controle. É construído algo que foi chamado de “espaço potencial” na terapia, um cenário onde a pessoa pode experimentar novas formas de expressão sem medo de julgamento.

Se a sua voz mais autêntica tem sido abafada pelo medo, pela autocobrança ou pela sensação de que “não vale a pena falar”, talvez seja hora de começar um processo terapêutico de reconexão com sua própria verdade. Em todo caso, elaborei para você 4 formas iniciais e simples de liberar sua voz interior de maneira saudável:

1 – Escreva o que sente, sem filtros – Colocar no papel pensamentos que não conseguimos dizer pode ser um primeiro passo para reconhecer e validar o que sentimos. Desenvolva cartas para si mesmo, ou para seu eu do passado, por exemplo. Isso ajuda a dar forma ao que está dentro de si.

2 – Pratique conversas consigo mesmo – Falar em voz alta quando está sozinho pode parecer estranho no início, ou alguma mania, mas na verdade esta é uma forma poderosa de organizar seus pensamentos e de aprofundar a sua própria narrativa.

3 – Experimente liberar sua expressão de maneiras criativas – A voz não se manifesta apenas na fala ou no texto escrito: dança, desenho, música e outras linguagens criativas são formas de comunicação que podem ajudar a soltar o que está preso. Não é à toa que muitos artistas transformam emoções reprimidas em peças de reflexão e beleza — você pode descubir que a arte é um caminho disponível para todos nós.

Quando uma pessoa recupera sua voz, recupera também um pedaço de si mesmo. Investigue o que dentro de você ainda precisa ser dito? De que forma você pode se expressar com mais liberdade? Se quiser, inicie comentando aqui como lida com isso.

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