Você já sentiu um cansaço que não passa nem depois de um fim de semana inteiro de descanso? Como se, além do corpo, sua mente e sua alma estivessem exaustas? Esse é um dos sinais do burnout emocional, uma sobrecarga que vai muito além da fadiga física e atinge as camadas mais profundas do ser. Muitas pessoas associam o burnout apenas ao excesso de trabalho, mas quero levar você a perceber que ele também pode surgir de pressões internas, autocobrança desmedida e emoções reprimidas que, silenciosamente, esgotam suas energias psíquicas.

Diferente do esgotamento físico, que pode ser resolvido com repouso, o burnout emocional persiste mesmo depois de longas pausas. A repressão contínua de emoções pode levar ao adoecimento psíquico, pois o ser humano não pode simplesmente desligar suas demandas internas como se fosse uma máquina. Isso já tinha sido indicado nos textos de Freud. Posteriormente, Sandor Ferenczi complementava essa visão ao dizer que o sofrimento psicológico muitas vezes se manifesta de maneira sutil, mascarado por irritabilidade, desmotivação e até sintomas físicos sem causa aparente.
Mas como saber se o seu cansaço é emocional? Alguns sinais podem indicar que você está enfrentando um esgotamento mais profundo: sentir-se constantemente sobrecarregado sem motivo aparente, dificuldade em sentir prazer nas atividades que antes eram estimulantes, sensação de vazio mesmo quando tudo parece estar “bem” na superfície. O corpo pode guardar memórias emocionais. Isto quer dizer que a rigidez corporal pode ser um reflexo direto de tensões emocionais acumuladas — ou seja, dores nas costas, tensão no maxilar e fadiga constante podem apontar muito mais do que apenas questões físicas.
A Ontoanálise nos ajuda a compreender que esse esgotamento não surge do nada. Muitas vezes, ele está ligado a padrões psíquicos arraigados, como a necessidade de corresponder a expectativas irreais ou o medo de não ser suficiente. Ao observar o ser em sua integralidade, resgatamos a ênfase na importância da autenticidade e do seu lado sentido como “verdadeiro” — pois não é tentando agradar ou se encaixar o tempo todo, que você vai ampliar sua energia emocional para realizar o projeto de vida que nutre sua alma. O resultado? Um cansaço que nenhuma noite de sono é capaz de curar.
Então, o que fazer para recuperar-se do burnout emocional? Aqui, indico 5 práticas essenciais e simples para quem já está sentindo que a alma está cansada:
1 – Crie momentos de silêncio e reflexão – A sobrecarga emocional pode ser amplificada pelo excesso de estímulos. Reserve momentos diários para estar consigo mesmo, agende se for preciso (!), e permita-se estar afastado de ruídos externos.
2 – Reavalie suas exigências internas – Você tem sido minimamente gentil consigo ou só se cobra cada vez mais? Anote seus pensamentos recorrentes sobre si e perceba se a sua voz interna é mais ácida do que acolhedora.
3 – Fortaleça sua rede de apoio – O burnout emocional se intensifica quando a pessoa se sente isolada em suas dores. Buscar criar vivências significativas com pessoas de confiança pode aliviar essa carga invisível.
4 – Permita-se sentir sem julgar – Repressão emocional leva ao acúmulo de tensão. Chorar, expressar frustração, escrever e até verbalizar medos podem ser caminhos para liberar esse peso interno.
5 – Busque um espaço de escuta qualificada – A terapia é um espaço privilegiado onde você pode reconstruir sua relação consigo mesmo, entender a origem da sua sensação de esgotamento e ressignificar padrões que estão perpetuando o desgaste emocional.
O burnout emocional não é sinal de fraqueza, pensar assim só aumenta a autocobrança. Veja esse cenário como um alerta de que algo precisa de atenção e cuidado. Você já sentiu esse cansaço da alma? Como lida com momentos de exaustão emocional? Compartilhe sua experiência nos comentários.