O que é uma boa comunicação? Como se expressar para se fazer entender melhor

Uma boa comunicação não se resume a falar bem ou a escolher as palavras certas. Muitas pessoas sentem que não conseguem se expressar com clareza, que são mal interpretadas com frequência ou que simplesmente não conseguem prender a atenção dos outros. Quando o falar e o escrever se tornam desafios vêm a frustração, a ansiedade e até a opção pelo isolamento. Mas o que define, de fato, uma comunicação autêntica e eficaz? O caminho para melhorá-la envolve autoconhecimento, técnica e, em alguns casos, um olhar terapêutico sobre os bloqueios que estão dificultando sua expressão.

1. Escuta e presença: a base de uma boa comunicação

Quando se trata de diálogo, é preciso perceber que a comunicação não acontece apenas no momento da fala. Antes de tudo, desenvolver a habilidade de escutar atentamente o que os outros nos dizem e as suas formas de presença no diálogo pode mudar o jogo. O que acontece, em muitas vezes, é que as dificuldades de se expressar vêm da ansiedade de antecipar respostas ou da insegurança sobre como seremos recebidos a partir do que dizemos. Donald Winnicott, psicanalista que estudou a importância do ambiente na constituição do ser, mostrou que a experiência de ser verdadeiramente ouvido é essencial para a fortalecer nossa autenticidade. Assim, praticar uma escuta sem pressa, validar as emoções do outro ao longo da conversa e desacelerar o ritmo interno pode, por incrível que pareça, tornar sua própria fala mais clara e segura. Trata-se de admitir que o outro pode ter ansiedades parecidas com a sua neste sentido.

2. A insegurança na fala e os bloqueios emocionais

A dificuldade de comunicação não é apenas técnica, mas também emocional. Sem perceber, a sensação de que suas palavras não têm valor ou de que não serão compreendidas pode estar como base de cada mensagem que você constrói. Esse receio pode ter raízes na história de vida, em experiências importantes de invalidação ou críticas excessivas. Essa profunda autocrítica interna pode se tornar uma barreira na comunicação, porque se há um diálogo interno tão rígido que desqualifica de saída a sua própria fala, será difícil se expressar com naturalidade, espontaneidade e leveza… Esse tipo de bloqueio pode ser mais bem trabalhado no espaço terapêutico, onde construímos um ambiente seguro para ressignificar essa autopercepção tão pesada.

3. Dicas práticas para melhorar sua comunicação

Ainda que cada pessoa tenha sua trajetória única, algumas estratégias podem ser aplicadas de forma imediata para desenvolver uma comunicação falada mais fluida e eficaz:

  • Respire antes de falar: A ansiedade pode acelerar o pensamento e prejudicar a clareza da fala. Fazer uma pausa e respirar fundo antes de se expressar ajuda a organizar melhor as ideias;
  • Use frases mais curtas: Pensamentos muito complexos podem se perder na tentativa de explicá-los. Dividir a mensagem em partes menores torna a comunicação mais compreensível. O ponto é levar em consideração que o outro talvez pense de maneira diferente da sua;
  • Observe sua entonação e ritmo: Uma fala monótona ou muito apressada pode dificultar o entendimento. Equilíbrio no ritmo de fala é a chave. Variações sutis no tom de voz ajudam a dar ênfase e conexão ao que se diz.
  • Confirme o entendimento: Perguntas simples como: “Entende?” ou “Está claro? podem evitar ruídos na comunicação e fortalecer o vínculo interpessoal na conversa, pois demonstra atenção para com o outro.

Para além da fala, a comunicação escrita também exige clareza e coerência para transmitir mensagens de forma eficaz. Neste contexto, torná-la mais fluida e impactante fica mais fácil seguindo estas diretrizes:

  • Organize suas ideias antes de escrever, estruturando um começo, meio e fim em mensagens mais longas.
  • Use frases curtas e objetivas, evitando ambiguidades em redes sociais.
  • Adapte o tom ao contexto e ao interlocutor, equilibrando formalidade e naturalidade em cada situação.
  • Revise o texto antes de enviar, garantindo que a mensagem esteja clara e tome cuidado com ferramentas que completam palavras, pois muitas vezes as deduções produzem equívocos e seu texto vai errado e pode ficar incompreensível.
  • Expresse suas emoções de forma sutil, usando palavras que transmitam sua intenção mais evidente, porém sem exageros. Lembre-se que a escrita não carrega o tom da fala, o que pode levar o leitor a perceber cinismo, frieza ou descaso, mesmo que você não quisesse isso.

Essas práticas ajudam a tornar a escrita mais autêntica e acessível, favorecendo conexões mais profundas e significativas.

4. Quando buscar apoio terapêutico?

Se o medo de se expressar gera sofrimento, se você já evita interações importantes ou se percebe comprometendo suas relações pessoais e profissionais, a terapia será um espaço valioso para compreender e transformar esses padrões. Não raro, a simples vontade de fazer diferente enfraquece diante de dificuldades comunicativas que estão associadas a experiências emocionais profundas. Daí, não há técnicas de comunicação bastantes. O trabalho ontoanalítico permite investigar as causas dessas barreiras e construir uma expressão mais livre e autêntica.

Desenvolver uma boa comunicação é encontrar uma voz que expresse verdadeiramente quem se é. Vai muito além de apenas falar ou escrever melhor. Ao integrar técnica e autoconhecimento, torna-se possível transformar a forma como nos comunicamos, como nos relacionamos com o mundo e conosco mesmos.

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